A pandemia do novo coronavírus tem obrigado os restaurantes do Rio de Janeiro a inovar e apresentar produtos, ideias e conceitos novos para os seus consumidores, de modo a se manter em operação.
A “ameaça” não é pouca: desde o início da pandemia, mais de 7% dos bares e restaurantes do Brasil todo tiveram de fechar as portas por causa da crise, o que faz com que ronde persistentemente esse perigo de um restaurante falir caso não consiga se adaptar aos novos tempos.
O grande desafio para os restaurantes e bares do Rio de Janeiro é a fraca presença física dos consumidores. Ainda que algumas ruas do Leblon apareçam consistentemente nos jornais por causa da insistência dos moradores em quebrar as regras e se aglomerar em período de pandemia, o resto da cidade tem respeitado as regulamentações de distância dentro dos restaurantes.
Por isso, para poder manter um bom faturamento durante o período, alguns restaurantes do Rio de Janeiro estão inovando em relação ao tipo de produto que vendem para seus clientes.
Uma das inovações mais “óbvias”, por assim dizer, tem sido a adoção em massa do Rappi Rio de Janeiro, além de outras opções de delivery também. Dizemos que é uma inovação “óbvia” porque é um recurso que passou a ser usado no Brasil inteiro, de norte a sul, passando pelo interior e cidades com poucos habitantes.
Apesar de já ser relativamente popular antes da pandemia, o delivery se tornou praticamente onipresente desde o início da crise, crescendo 103% de faturamento desde então.
Na prática, quem não usava os aplicativos passou a usar e o grande mérito deles foi poder centralizar todo tipo de serviço para os usuários, como supermercado, farmácia e outros.
No entanto, como mencionado, o delivery não é exatamente uma inovação das mais criativas, mas sim uma inovação necessária para a sobrevivência, já que ele assumiu a carga de lidar com a principal quantidade de demanda do mercado de comida no Brasil desde março de 2020.
As inovações começam mesmo quando os restaurantes precisam driblar as dificuldades muito específicas que a pandemia do novo coronavírus trouxe. Uma delas, por exemplo, foi o sistema de voucher criado no começo da crise.
Basicamente, os restaurantes e bares sabiam que não poderiam abrir para funcionamento, mas precisavam faturar. Então, decidiram vender vouchers para produtos que poderiam ser resgatados depois, quando a crise passasse.
Por exemplo, o consumidor poderia comprar um voucher para uma cerveja. Ele pagaria agora, mas acabaria por usar esse benefício somente quando o restaurante reabrir após a pandemia. Isso permitiria que os estabelecimentos se mantivessem de pé, mesmo sem poder funcionar normalmente.
Outra estratégia criativa foi a venda de kits de produtos, particularmente comum em hamburguerias e outros restaurantes com baixo nível de complexidade no preparo dos pratos.
Basicamente, os restaurantes começaram a montar kits com os ingredientes para os seus pratos mais famosos e requisitados. O consumidor, então, poderia comprar o kit e preparar o prato em casa.
Imagine uma hamburgueria conhecida por ter um blend próprio na sua composição. Ela venderia o hambúrguer, o pão, o alface, o tomate, o bacon e outros ingredientes e enviaria as instruções para o consumidor montar em casa. O kit permitiria que fossem montados alguns lanches para as pessoas de uma família comerem juntas.
Além de hamburguerias, esse tipo de ação pode ser feito por pizzarias, restaurantes de comida asiática, cantinas e várias outras opções. Basta fazer com que o preparo dos pratos seja o mais simples possível para que os consumidores possam montá-los sem muita variação de sabor ou textura.
Outra ideia criativa que começou a se popularizar no período da pandemia foi o sistema de assinatura. Ele funciona de maneira mais ou menos semelhante ao do kit, mas com algumas diferenças básicas.
A primeira delas é que o consumidor faz uma assinatura mensal, em vez de comprar uma vez só. Portanto, ele receberá todos os meses um determinado tipo de produto em casa.
Na maior parte dos casos, o que ele recebe é um kit um pouco mais caprichado do que no modelo anterior. Imagine uma casa de massas, por exemplo. Eles podem enviar o macarrão, os ingredientes para o molho, um bom vinho para complementar e algumas outras opções. Além disso, enviam as instruções para o preparo do prato exatamente como o chefe faz no restaurante.
Existem alguns restaurantes que, inclusive, estão se animando e criando uma comunidade ao redor dessas assinaturas. Por exemplo, quem faz a assinatura de uma hamburgueria pode entrar em um clube de discussão sobre cinema ou video-game, onde os assinantes se reúnem mensalmente para discutir um jogo ou filme em uma videochamada. O mesmo pode ser feito com outras opções, discutindo livros, novelas e tantos outros produtos.
Na prática, é claro que a pandemia do novo coronavírus trouxe muito mais prejuízos do que lucros, mas é verdade que os restaurantes estão usando a criatividade para poder sair dessa situação.